CEM apresenta estudo sobre desigualdade para Conselho Municipal de Transporte e Trânsito de São Paulo

Pesquisa mostra que mudanças no sistema de transporte público feitas durante a pandemia aumentaram o risco de contágio dos grupos mais vulneráveis.

Janaína Simões

A demanda e a oferta de transporte público foram reduzidas em diferentes proporções durante a pandemia da Covid-19 nas diferentes regiões da cidade de São Paulo, o que aumentou o risco de contágio entre a população mais vulnerável. Enquanto alguns trechos mantiveram o mesmo nível de serviço do período anterior, reproduzindo os já altos níveis de lotação, outros tiveram piora acentuada, especialmente em linhas que transportam quem mora na periferia da cidade. Esses alertas são baseados em análise de dados levantados por cientistas do Centro de Estudos da Metrópole (CEM-Cepid/Fapesp), descritos em pesquisa feita para a Rede Solidária de Pesquisa, e foram apresentados na reunião extraordinária do Conselho Municipal de Transporte e Trânsito de São Paulo (CMTT), realizada nesta terça-feira, dia 30 de junho, na capital paulista.

A pesquisa foi coordenada por Mariana Giannotti, pesquisadora do CEM-Cepid/Fapesp e professora da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (Poli-USP), e teve participação dos pesquisadores Tainá Bittencourt e Pedro Logiodice, ambos da Poli-USP e do CEM. A íntegra do estudo pode ser acessada no site do CEM.

A reunião do CMTT contou com a presença da secretária Municipal de Mobilidade e Transportes, Elisabete França, recentemente empossada no cargo. Após apresentação de representantes da SPTrans, que gerencia o sistema de ônibus da capital paulista, a pesquisadora Tainá Bittencourt, representando o grupo do CEM, apresentou um panorama dos transportes públicos antes e durante a pandemia, evidenciando o agravamento das desigualdades de acesso ao trabalho causadas pelas variações na demanda dos passageiros e na oferta de transporte. Um dos pontos altos do estudo é a sugestão de alternativas para reduzir estas desigualdades nos deslocamentos, descritas na parte final da apresentação, cujo documento usado na exposição pode ser acessado aqui

“A atualização dos dados em relação ao que foi publicado no boletim original mostrou que houve melhorias no sistema durante o mês de junho, mas as desigualdades e os altos níveis de lotação, especialmente nas regiões periféricas, continuam”, destacou. Houve espaço para discussão após a apresentação. Cerca de 80 pessoas estavam presentes no evento. 

(Foto: Rovena Rosa/Agência Brasil)

O CMTT

O CMTT foi constituído pelo decreto 54.058, de 1° de julho de 2013. Por meio dele, entidades da sociedade civil podem dar sugestões para formulação de políticas públicas para transporte e mobilidade. Órgão de caráter consultivo, é formado por três bancadas: poder público, operadores dos serviços e os usuários. 

Entre os seus objetivos estão oferecer garantia de gestão democrática e participação popular na elaboração de diretrizes focadas no planejamento e aplicação de recursos orçamentários, subsidiar formulação de políticas públicas, acompanhar a elaboração e implementação do Plano Municipal de Mobilidade Urbana, entre outros. 

 


Sobre o CEM:
Criado em 2000, o Centro de Estudos da Metrópole (CEM) é um dos Centros de Pesquisa, Inovação e Difusão da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Cepid-Fapesp) e reúne cientistas de várias instituições para realizar pesquisa avançada, difusão do conhecimento e transferência de tecnologia em Ciências Sociais, investigando temáticas relacionadas a desigualdades e à formulação de políticas públicas nas metrópoles contemporâneas. Sediado na Universidade de São Paulo (USP) e no Centro Brasileiro de Análise e Planejamento (Cebrap), o CEM é constituído por um grupo multidisciplinar, que inclui pesquisadores demógrafos, cientistas políticos, sociólogos, geógrafos, economistas e antropólogos.


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