Nova diretoria e subprojetos de pesquisa são novidades do Centro de Estudos da Metrópole

Eduardo Marques assume a direção do CEM, com dois novos subprojetos: desigualdades no transporte e governança orçamentária de metrópoles.

janaína Simões

Prestes a completar 20 anos de existência, o Centro de Estudos da Metrópole (CEM) anuncia mudanças no Conselho Diretor. Eduardo Marques, professor do Departamento de Ciência Política da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo (DCP-FFLCH/USP) acaba de assumir a direção do CEM, até então ocupada por Marta Arretche, também docente do DCP-FFLCH/USP, que prossegue como pesquisadora do Centro. Além disso, dois novos subprojetos passam a integrar as linhas de pesquisa do CEM: desigualdades no transporte e governança orçamentária de metrópoles.

O quadro diretor do CEM sofreu outras alterações. Adrian Gurza Lavalle, professor do DCP-FFLCH/USP, assume a vice-diretoria, antes ocupada por Eduardo Marques. Renata Bichir,  professora do curso de Gestão de Políticas Públicas da Escola de Artes, Ciências e Humanidades (EACH) da USP, passa a ser a Coordenadora da Área de Pesquisas do CEM. Já Mariana Giannotti, professora da Escola Politécnica da USP (Poli), continua como Coordenadora da Área de Transferência de Tecnologia, cargo assumido na gestão anterior. 

 

(De cima para baixo, da esquerda para a direita: Eduardo Marques e Adrian Lavalle,
diretor e vice-diretor do CEM; Renata Bichir e Mariana Giannotti, coordenadoras das
áreas de Pesquisa e de Transferência do CEM, respectivamente.
Fotos: Arquivo Pessoal, exceto Lavalle: Fapesp)

Mariana Giannotti também coordena um dos novos subprojetos do CEM, “Desigualdades no transporte urbano”, que procurará analisar e desenvolver indicadores de desigualdade mais adequados para apoiar a formulação de políticas públicas na área de transportes, priorizando a população mais vulnerável. Os pesquisadores engajados neste tema vão testar vários indicadores já utilizados no transporte e em outras áreas, como saúde e educação, verificando as adaptações necessárias. Além disso, buscarão explorar as diversas fontes de dados, a fim de produzir níveis diversos, espaciais e multiescalares de detalhes e precisão técnica que levem em consideração a intermodalidade. 

O outro novo subprojeto é coordenado por Ursula Peres, professora do Curso de Gestão de Políticas Públicas da EACH-USP, é “Governança orçamentária em grandes metrópoles”. Partindo de conversas desenvolvidas com pesquisadores na França e no Reino Unido, esta nova linha de pesquisa explora a governança dos orçamentos municipais, em estreito diálogo com outro subprojeto já em andamento no CEM (“Governança em grandes metrópoles em perspectiva comparativa”). O objetivo é explorar os principais processos e atores que produzem orçamentos públicos em grandes metrópoles, com foco em São Paulo, usando Londres e Paris como ‘casos-sombra’. Também analisará a importância do Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU) na estrutura orçamentária da metrópole paulista, fazendo comparação com outros municípios brasileiros.

Os dois novos subprojetos integram a linha de pesquisa “Quem governa o quê nas desigualdades urbanas?”. Além desta, o CEM desenvolve estudos nas seguintes linhas: “O papel da regulação subnacional na mediação da implementação de políticas nacionais”; “O papel da política educacional na redução da desigualdade”; e “Desigualdade e Comportamento Político”. 

Compromisso com a excelência

Prestes a completar 20 anos de existência, o CEM registra quase 70 livros e mais de 470 artigos publicados em periódicos nacionais e internacionais. Destaque também para os sistemas interativos desenvolvidos por seus pesquisadores, como o ReSolution, plataforma que traz indicadores inéditos da Região Metropolitana de São Paulo (RMSP), o DataCEM, que permite a consulta e cruzamento de microdados dos Censos Demográficos de 1960 a 2010, e o Sistema Geolocalizado das escolas da RMSP, oferecer informações sobre o desempenho e as condições de operação das escolas públicas e particulares da região. Todos podem ser acessados gratuitamente no site do CEM

Um resumo de suas contribuições está descrito no canal Impacto do site oficial do CEM, um dos Centros de Pesquisa, Inovação e Difusão da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Cepid-Fapesp). O CEM reúne cientistas de várias instituições para realizar pesquisa avançada, difusão do conhecimento e transferência de tecnologia em Ciências Sociais, investigando temáticas relacionadas a desigualdades e à formulação de políticas públicas nas metrópoles contemporâneas. Sediado na USP e no Centro Brasileiro de Análise e Planejamento (Cebrap), o CEM é constituído por um grupo multidisciplinar, que inclui pesquisadores demógrafos, cientistas políticos, sociólogos, geógrafos, economistas e antropólogos. 

"O CEM ocupa posição de destaque nacional e internacional em pesquisas sobre desigualdades sociais e acesso ao bem-estar, em especial em grandes cidades, assim como na produção de dados e no apoio a políticas públicas”, destaca o novo diretor do CEM, Eduardo Marques, que já havia dirigido a instituição entre 2004 e 2009. O vice-diretor, Adrian Lavalle, completa: “O CEM consolidou um modelo de trabalho que combina a produção de conhecimento interdisciplinar de ponta sobre a relação entre políticas públicas e desigualdades em contexto urbano, com a formação de novas gerações de pesquisadores e o compromisso com a transferência de tecnologia e a divulgação das implicações desse conhecimento para a população e para os tomadores de decisão.”

A nova diretoria se mantém comprometida com a manutenção da qualidade da produção científica e formação de pesquisadores que o CEM mantém ao longo de sua história. “Daremos, principalmente, continuidade ao trabalho excelente desenvolvido nos últimos anos, que aliou excelência acadêmica e precisão analítica ao engajamento substantivo no debate público e nas políticas públicas”, ressalta Marques. “Daremos prosseguimento também à expansão e diversificação de nossas pesquisas e atividades de formação de pesquisadores, assim como à modernização de nossa área de transferência, visando maior agilidade de disseminação de conteúdos”, continua.

Lavalle resume o objetivo de todos os integrantes: “Trabalhar para que esse modelo continue a ser bem-sucedido é o compromisso e desafio da nova direção”, completa. Já Renata Bichir lembra que seu vínculo com o CEM vem desde sua formação. “Como alguém que foi formada como pesquisadora dentro do CEM, desde a graduação, é uma grande honra e um desafio importante fomentar discussões científicas de alto nível e estimular as trocas e interações entre pesquisadores que admiro e que vêm contribuindo para qualificar o debate sobre desigualdades no Brasil”, destaca.

Mariana Giannotti diz que participar do CEM é uma oportunidade incrível. “Sou muito grata ao professor Eduardo, que me trouxe ao CEM, e à professora Marta, que com muita sapiência me orientou, me motivou e me inspirou a avançar em minha carreira acadêmica para alcançar esta posição”, agradece. “Considero um privilégio trabalhar com esta equipe de altíssimo nível, com solidez teórica, robustez metodológica e em especial com uma generosidade ímpar, transformando as interações em grupo um grande e prazeroso aprendizado. Espero poder retribuir ao CEM à altura”, acrescenta.

Marta Arretche expressa seu contentamento por ter ficado dez anos à frente do Centro. “Foi uma satisfação e um enorme aprendizado especial e institucional estar na direção do CEM. Me considero uma pessoa de muita sorte, por ter conseguido realizar tão importantes projetos, por ter contado com uma equipe tão qualificada e engajada, por ter contado com o apoio da Fapesp”, declara. “Desejo todo o sucesso para a nova equipe que assume a direção do CEM, sob a liderança de Eduardo Marques. Muita coisa boa está por vir”, conclui ela, que prossegue seu trabalho na coordenação das pesquisas no Centro e também continua a dar suporte para as atividades de comunicação e difusão do CEM.