Combate à desigualdade e à pobreza teve década perdida no Brasil, aponta estudo

Pesquisa mostra que ricos ficaram mais ricos e pobres ainda mais pobres nos anos 2010

Assessoria de imprensa do IPEA (editado pela Assessoria de Imprensa do CEM)

A renda média brasileira cresceu quase 7% entre 2012 e 2014, caiu mais de 3% em 2015, diminuiu 1% em 2017 e aumentou 4% em 2018. Enquanto a renda per capita dos 5% mais ricos subiu quase 9% no período 2015-2018, os 50% mais pobres da população viram sua renda média encolher 4%. A conclusão está no estudo Distribuição de Renda nos Anos 2010: uma década perdida para desigualdade e pobreza, do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). Um dos autores do estudo é o pós-doutorando do Centro de Estudos da Metrópole (CEM-Cepid/Fapesp), Rogério Barbosa.

Além dele, assinam o artigo os pesquisadores Pedro Ferreira de Souza, do Ipea, e Sergei Soares, atualmente na Organização Internacional do Trabalho (OIT). Eles analisaram o período de 2012 a 2018 para entender como a recessão econômica reverteu o processo de melhoria da distribuição de renda conquistado anos antes. Souza avalia que a década de 2010 foi bastante complicada tanto em termos econômicos quanto sociais. “Entre 2014 e 2016, o país experimentou uma grande recessão. Obviamente, todo mundo perdeu com a crise. No entanto, quem perdeu mais foram os mais pobres, e a recuperação começou com os mais ricos”, sintetiza.

O mercado de trabalho, que era o grande motor da melhora nos anos anteriores, não passou ileso. “Toda a tendência anterior, de queda do desemprego e geração do emprego formal, foi revertida”, afirma o pesquisador. O estudo mostra o papel limitado dos programas como o Bolsa Família, Benefício de Prestação Continuada e seguro-desemprego para compensar as transformações do mercado de trabalho no Brasil.

Os pesquisadores concluem, a partir de dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua de 2012 a 2018, que a atuação redistributiva do Estado brasileiro deixou a desejar e que os retrocessos levaram os indicadores de volta para níveis iguais ou piores aos observados no começo da década. “Crise, recuperação e crescimento não são fenômenos que atingem a todos do mesmo modo, dependem da localização de cada indivíduo na distribuição de renda”, pondera Souza.

Leia aqui a íntegra do estudo.