Relaxar confinamento no interior de São Paulo pode ter sido precipitado

Pesquisadores alertam que interiorização eleva riscos da aposta na reabertura paulista.

Janaína Simões

A decisão original de relaxar confinamento no interior de São Paulo em 1º de junho pode ter sido precipitada, alertam pesquisadores do Centro de Estudos da Metrópole (CEM-Cepid/Fapesp). Ao final de abril, os indicadores já mostravam que a pandemia da Covid-19 estava se interiorizando e atingindo com mais força o litoral paulista. “Ainda assim, todas as regiões foram submetidas a um plano de reabertura econômica no início de junho, o Plano São Paulo, o qual obedeceria a critérios de desconfinamento gradual, que deveriam incorporar contextos epidêmicos locais”, ressaltam os pesquisadores do CEM Hellen Guicheney, Eduardo Lazzari, Sérgio Simoni Jr. e Carolina Requena.

Posteriormente, a gestão do Plano São Paulo caminhou em duas vertentes. Uma, o paulatino desconfinamento da Região Metropolitana de São Paulo (RMSP), com quase todas as regiões classificadas como aptas para migrar para fase 3 – a fase 1 éa de maior isolamento. No interior, houve o processo oposto: aumentou-se o confinamento. Barretos, por exemplo, foi colocada na fase 3, mas logo em seguida teve de retornar para a primeira fase. O mesmo ocorreu com Sorocaba, Marília e Ribeirão Preto, por exemplo.

A análise foi publicada no site Gestão, Política & Sociedade, do jornal O Estado de S. Paulo, e pode ser lida na íntegra aqui. O texto traz uma sequência de mapa e dados que permite visualizar as atualizações feitas no Plano São Paulo e a evolução da epidemia no interior. “Ao analisar o desenrolar do Plano pelo mês de junho, vê-se como a doença se interiorizou, demandando maiores restrições a essas regiões do que aquelas consideradas pelo Executivo Estadual quando do lançamento da nova política”, apontam.

A alteração de parâmetros do Plano também podem ter permitido um maior relaxamento ‘prático’, destacam os pesquisadores. Um exemplo foi a determinação inicial de que os estabelecimentos em locais que estivessem na fase 2 funcionassem por no máximo quatro horas, todos os dias. Depois foi permitida a opção de que abrissem por seis horas, por quatro dias da semana. “São Paulo pode servir de exemplo de cautela para governos que pensam o dia seguinte da primeira onda espacialmente localizada da Covid-19”, concluem. 


Sobre o CEM:
Criado em 2000, o Centro de Estudos da Metrópole (CEM) é um dos Centros de Pesquisa, Inovação e Difusão da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Cepid-Fapesp) e reúne cientistas de várias instituições para realizar pesquisa avançada, difusão do conhecimento e transferência de tecnologia em Ciências Sociais, investigando temáticas relacionadas a desigualdades e à formulação de políticas públicas nas metrópoles contemporâneas. Sediado na Universidade de São Paulo (USP) e no Centro Brasileiro de Análise e Planejamento (Cebrap), o CEM é constituído por um grupo multidisciplinar, que inclui pesquisadores demógrafos, cientistas políticos, sociólogos, geógrafos, economistas e antropólogos.


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