Mapa da Vulnerabilidade Social
O projeto “Mapa da vulnerabilidade social e do déficit de atenção a crianças e adolescentes no Município de São Paulo” - realizado em acordo entre o CEM-CEBRAP e a Secretaria de Assistência Social, SAS-PMSP - visa a detecção de diferentes condições de carências sociais por meio da análise da distribuição da estrutura socioeconômica no espaço urbano. A exposição de certas populações e áreas a diferentes situações de vulnerabilidade social é abordada a partir da descrição das características socioeconômicas e demográficas dos setores censitários do município de São Paulo, a partir das informações fornecidas pelo Censo 2000. A cidade de São Paulo tem 13.193 setores censitários.
Os grupos foram gerados a partir da combinação da dimensão de privação socioeconômica com a de estrutura etária. Com a agregação dessas duas dimensões, chegamos a oito grupos, número que permitiu a melhor captação da heterogeneidade existente nas áreas que costumamos genericamente chamar de ‘periferia’.
O nível de desagregação dos dados no setor censitário permite a visualização detalhada desses grupos no interior do município, conforme pode ser observado nas cartografias - produzidas tanto para São Paulo, como para cada uma das subprefeituras . A descrição dos oito grupos pode ser conferida a seguir.
Nenhuma privação (Grupo 1): este grupo é formado por 8,5% dos setores da região, englobando 6,3% da população. Apresenta as melhores condições de escolaridade e renda do município, assim como baixa presença de crianças de 0 a 4 anos e adolescentes. O grupo tem 33% dos responsáveis sendo do sexo feminino, mas apenas 6,1% deles possui menos de 8 anos de escolaridade. Em resumo, pode-se dizer que agrega população mais rica, com alta escolaridade, poucas crianças, pouca densidade e mulheres chefes em sua maioria com alta escolaridade. Observando-se a cartografia, percebe-se que o grupo 1 está fortemente concentrado na região sudoeste do município, com poucas concentrações nas demais áreas.
Privação muito baixa (Grupo 2): este grupo é formado por 18,2% dos setores censitários, englobando 15,8% da população do município. Este grupo se assemelha ao grupo 1 em termos de condições de vida e presença de crianças e adolescentes, porém a idade média do responsável é um pouco superior, e apresenta maior proporção de mulheres com menos escolaridade – 12,2% com até 8 anos de estudo. No mapa, observa-se que a localização desse grupo é um pouco mais dispersa do que o primeiro, apesar de haver uma forte concentração ao redor do núcleo sudoeste melhor inserido socialmente.
Baixa privação – condições de precariedade socioeconômica médias e presença de famílias idosas (Grupo 3): este grupo é formado por 17,5% dos setores censitários e engloba 16,4% da população. Ocupa o terceiro lugar em condições socioeconômicas e apresenta famílias mais idosas do que os dois grupos anteriores. Apresenta ainda a menor concentração de crianças de 0 a 4 anos (5,8% de sua população) e baixa presença de jovens de 15 a 19 anos (8,8% de sua população total). Em termos de escolaridade, apesar de apresentar um elevado percentual de responsáveis pelo domicílio alfabetizados (97,2%), diferencia-se dos grupos 1 e 2 quando observamos os chefes com ensino fundamental completo (apenas 57,7%). O grupo 3 encontra-se localizado ao redor do grupo 2 e também no início da zona leste.
Média-baixa privação – condições de precariedade socioeconômica altas e presença de famílias velhas (Grupo 6): formado por 11,8% dos setores censitários, com 11,4% da população. Este grupo apresenta características bastante interessantes: possui a maior concentração de chefes mulheres (32,7% dos responsáveis por domicílio do grupo), sendo que mais 24,9% delas possuem no máximo 8 anos de escolaridade. Possui também chefes mais idosos, com baixa presença de crianças de 0 a 4 anos, porém a presença de adolescentes é análoga à média do município. Em termos de rendimento e escolaridade possui um perfil parecido ao do grupo 4. Em termos espaciais, esse grupo encontra-se próximo ao grupo 3.
Média privação – condições de precariedade socioeconômica médias e com presença de famílias adultas (Grupo 4): este grupo é formado por 18,7% dos setores censitários, e engloba 20,8% da população da região. Este grupo apresenta características próximas às médias observadas, com exceção dos rendimentos, que são inferiores aos observados para o total do município. Porém, algumas características colocam-no em pior condição do que o grupo 6, como a maior concentração de crianças de 0 a 4 anos, por exemplo. Espacialmente, esse grupo localiza-se nas áreas mais periféricas do município.
Alta privação – condições de precariedade socioeconômicas médias e presença de famílias jovens (Grupo 5): este grupo é formado por 6,0% dos setores censitários, englobando 7,5% da população do município. Caracteriza-se pela presença de chefes jovens – idade média de 38 anos, 28% dos chefes com idade entre 10 e 29 anos - com baixos níveis de rendimento (67,2% dos responsáveis pelo domicílio ganham até 3 salários mínimos) e escolaridade (apenas 25% dos chefes de família têm ensino fundamental completo). É o segundo pior grupo nos indicadores de renda e escolaridade. Neste grupo observa-se o menor percentual de chefes mulheres, 21,5%, sendo que 18,5% delas possuem até 8 anos de escolaridade, no máximo. Espacialmente, localiza-se nas áreas periféricas do município de São Paulo.
Alta privação – condições de precariedade socioeconômicas altas e presença de famílias adultas (Grupo 7): este grupo é formado por 16,2% dos setores censitários, com 18,0% da população. É caracterizado por chefes adultos, com baixa renda (60,4% ganham até 3 salários mínimos) e baixa escolaridade (apenas 31,5% dos chefes têm ensino fundamental completo). Apresenta ainda grande concentração de crianças de 0 a 4 anos e forte presença de adolescentes (11,2% da população do grupo têm entre 15 e 19 anos), além de 30% dos responsáveis serem do sexo feminino (25,4% com até 8 anos de escolaridade). No Mapa 3, nota-se que esse grupo está tipicamente presente nas áreas periféricas.
Altíssima privação (Grupo 8): este grupo é formado por 3,1% dos setores censitários, e engloba 3,8% da população. Caracteriza-se por possuir os piores indicadores do município de São Paulo. Possui a maior concentração de crianças de 0 a 4 anos (13,7% da população), grande concentração de jovens de 15 a 19 anos (11,1% da população do grupo) e baixa idade média do responsável (38 anos). Seus indicadores de escolaridade são péssimos: apresenta a pior taxa de alfabetização entre todos os grupos, só 81,8% do total de responsáveis; apenas 19,1% dos responsáveis têm ensino fundamental completo; entre os responsáveis do sexo feminino, 91,8% possuem até 8 anos de escolaridade. Também apresenta os piores indicadores de renda: 75,9% dos responsáveis por domicílio ganham até 3 salários mínimos.
LIVROS
Para conhecer a série de publicações produzidas a partir do estudo Mapa da Vulnerabilidade Social da População da Cidade de São Paulo, clique abaixo:
Zonas Norte, Oeste e Centro
Zona Sul
Zona Leste
MAPAS
DADOS DO MAPA DA VULNERABILIDADE 2000
Clique aqui para baixar os dados
BASE DAS FAVELAS DE SÃO PAULO
Em fevereiro de 2003, o CEM e a Secretaria da Habitação e Desenvolvimento Urbano da Prefeitura Municipal de São Paulo lançaram CD-Rom com a Base Cartográfica digital das favelas do Município de São Paulo que é o cadastro oficial de favelas do Município. O trabalho é o produto de uma parceria de transferência de tecnologia entre as duas instituições. Para outras informações sobre favelas, consulte também os artigos disponíveis na biblioteca deste site.
O arquivo contém um sistema de consulta cartográfica às favelas do Município, texto analítico com a metodologia utilizada e estimativas populacionais e as bases cartográficas digitais das favelas do Município.