Oficina para professores aborda uso de aplicativo de mapeamento em sala de aula
O Centro de Estudos da Metrópole (CEM-Cepid/Fapesp) ofereceu nesta quinta-feira, 16 de janeiro, a “Oficina MAPi - Investigando Desigualdades Socioespaciais através da Cartografia Digital e Estatística” para professores do ensino fundamental e médio, na qual foi apresentada a Plataforma de Mapeamento Interativo (MAPi). O encontro foi realizado no Laboratório de Informática do Departamento de Geografia da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo (FFLCH-USP), com apresentação do pesquisador Kaue Oliveira Almeida, da Equipe de Transferência e Difusão do CEM, responsável pelo desenvolvimento do aplicativo, que pode ser acessado aqui.
O MAPi é uma ferramenta para mapeamento interativo, um tipo de cartografia em que os usuários podem alterar aspectos da representação do mapa, mas desenvolvida para que indivíduos com ou sem conhecimento técnico possam se apropriar e produzir seus próprios mapas. Ela pode ser usada como instrumento de apoio didático por professores e alunos, e também no planejamento territorial. O aplicativo permite a visualização e análise de dados espaciais sobre diversos temas, a partir da criação de mapas temáticos. É uma plataforma web gratuita e aberta, que pode ser acessada diretamente pelo navegador da internet, sem necessidade de cadastro ou instalação de software.
Além da geração de mapas temáticos, o MAPi permite fazer sobreposição de camadas. Esta funcionalidade foi demonstrada por Almeida, ao apresentar, como exemplo, a geração de dois mapas, um da renda familiar e outro que mostra a distribuição da população negra na cidade de São Paulo. A sobreposição mostrou a cumulatividade das desigualdades de renda e raça, com a concentração dos mais pobres coincidindo com maior proporção de população negra nas áreas periféricas mais afastadas do centro expandido paulistano.
Após assistirem a apresentação do CEM e do MAPi e suas funcionalidades, os professores participantes da oficina, todos da área de Geografia, puderam realizar uma primeira atividade prática: criar um mapa temático coroplético (que representa dados estatísticos de um território a partir de diferentes cores, sombreamentos ou padrões) para uma aula sobre desigualdades urbanas.
Uma das inovações do MAPi que chamou a atenção dos participantes da oficina foi a integração do aplicativo com a plataforma Mapillary, o que permite a visualização de fotos geolocalizadas capturadas pelos próprios usuários. Os professores identificaram o potencial de uso do MAPi em estudos de meio, nos quais os alunos fazem e registram observações em trabalhos de campo. Apesar de o MAPi ter dados disponíveis, neste momento, apenas para a cidade de São Paulo, participantes da oficina disseram que a ferramenta pode ser usada para explicar conceitos de cartografia e de método em Geografia. Também acharam que os alunos e outros professores conseguirão utilizar o MAPi sem grandes problemas, pois é bastante intuitivo. Almeida comentou que a expansão para outras cidades está prevista para 2025.
Diversas ideias foram apresentadas pelos participantes para aprimoramento da ferramenta como o desenvolvimento de um tutorial para uso do MAPi; produção de vídeos que demonstrem seu uso, com exemplo; menus de navegação dispostos na horizontal; mais opções de cores para as legendas, de forma a contemplar pessoas com diversas dificuldades de visão, e inclusão de novos dados, como temperatura, regime pluviométrico, saneamento básico etc. Um formulário foi disponibilizado aos participantes para avaliarem a oficina e também para indicarem sugestões de melhoria.
“Nosso objetivo com a oficina não foi apenas de tornar o aplicativo mais conhecido, mas de aprender com os professores que vivem a realidade da sala de aula como podemos tornar o MAPi uma ferramenta que pode ser usada e realmente contribuir para melhorar o processo de ensino e aprendizagem”, destacou Almeida. “A ideia é de que os participantes da oficina fossem os protagonistas e, diante do retorno dado por eles, consideramos nosso objetivo cumprido”, finalizou. Mariana Giannotti, pesquisadora do CEM que coordena a área de Transferência e Difusão do Centro, e Clara Penz, pesquisadora da mesma equipe, deram suporte aos professores durante a realização da oficina, cujas fotos estão disponíveis aqui.
A oficina foi parte da programação do Encontro USP Escola, um projeto de extensão universitária, realizado há 13 anos pela universidade, que oferece em 2025 mais de 80 possibilidades de formação continuada para docentes da educação básica das redes pública e privada de ensino. O encontro já atendeu mais de 12 mil professores e tem como principal objetivo possibilitar a ampliação do diálogo entre os docentes da Universidade e da educação básica, com foco no compartilhamento de experiências a partir dos desafios contemporâneos da educação em todas as áreas do conhecimento.
Sobre o CEM
Criado em 2000, com início das atividades em 2001, o Centro de Estudos da Metrópole (CEM) é um dos Centros de Pesquisa, Inovação e Difusão da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Cepid-Fapesp) e, recentemente, também passou a ser um Centro de Pesquisa e Inovação Especial da Universidade de São Paulo (CEPIx-USP). O CEM reúne cientistas de várias instituições para realizar pesquisa avançada, difusão do conhecimento e transferência de tecnologia em Ciências Sociais, investigando temáticas relacionadas a desigualdades e à formulação de políticas públicas nas metrópoles contemporâneas. Sediado na Faculdade de Filosofia, Letras, Ciências Humanas da Universidade de São Paulo (FFLCH-USP) e no Centro Brasileiro de Análise e Planejamento (Cebrap), o CEM é constituído por um grupo multidisciplinar, que inclui pesquisadores demógrafos, cientistas políticos, sociólogos, geógrafos, economistas e antropólogos.
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