Base de dados do CEM: resultados eleitorais da Região Metropolitana de SP referentes às eleições de 1998 a 2020

Metodologia desenvolvida por pesquisadores do CEM permite mapear os votos de zonas eleitorais situadas em dois ou mais municípios, melhorando as análises.

Janaína Simões

Base de dados digital georreferenciada do Centro de Estudos da Metrópole (CEM-Cepid/Fapesp) contém os resultados eleitorais para a Região Metropolitana de São Paulo (RMSP) por município, distrito, zona eleitoral, local de votação e territórios eleitorais para os anos de 1998 a 2020. No caso dos territórios eleitorais, são duas bases diferentes, construídas pela Equipe de Transferência e Difusão do CEM para resolver a questão das mudanças de limites das zonas eleitorais e distritos, que vão se alterando com o passar do tempo. 

Com essas duas novas cartografias, as fronteiras se mantêm as mesmas para os resultados eleitorais em todas as eleições aqui apresentadas. Outro aspecto é a característica das zonas eleitorais que integram mais de um município, o que inviabilizava a representação espacial e uma análise mais detalhada dos resultados das eleições municipais. 

“A chave de todo esse processo é o local de votação, menor unidade de escala possível para analisar espacialmente os resultados eleitorais. Todas as outras bases foram construídas a partir do local de votação, exceto a base de dados zonas eleitorais, que já é consolidada pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE)”, explica o geógrafo Daniel Waldvogel Thomé da Silva, pesquisador da Equipe de Transferência e Difusão do CEM. O local de votação tem em seus bancos de dados a soma de todos votos das seções eleitorais, ou urnas, que acontecem naquele lugar.

Urna eletrônica
(Foto: Antônio Augusto - Ascom/TSE)

“A criação do acervo georreferenciado Territórios Eleitorais nasceu da ideia de constituir áreas que não fossem alteradas ao longo do tempo para que análises temporais pudessem ser feitas com os mesmos territórios”, explica o pesquisador. Isto porque as zonas eleitorais, os distritos e mesmo os locais de votação podem ser alterados ao longo dos anos. “A construção desta base de dados permitiu minimizar essa questão”, completa.

São duas bases cartográficas georreferenciadas sobre os territórios eleitorais (TEC). A diferença entre elas está na escala - mais especificamente, na quantidade de territórios selecionados. São 70 territórios na chamada TEC -1 e 170 na TEC-2, com as devidas explicações mais detalhadas sobre elas nos respectivos dicionários - documentos em PDF que são baixados junto com os dados quando se faz o download do arquivo na base de dados CEM, e que contém as informações básicas sobre a construção da base para os pesquisadores que as utilizam. 

Ter essas duas bases contempla diferentes usos advindos do interesse dos pesquisadores. “A TEC-2 possibilita análises intra-urbanas de diversos municípios da Região Metropolitana de São Paulo, pois traz um recorte desses municípios em virtude dos limites distritais e das zonas eleitorais, enquanto a TEC-1 centraliza esse foco no município de São Paulo e em suas zonas eleitorais”, detalha. Graças ao rigor aplicado pelos pesquisadores da Equipe de Transferência do CEM ao fazer o georreferenciamento dos dados sobre os locais de votação foi possível construir os TECs. 

Além de lidar com as mudanças das configurações das zonas eleitorais, distritos e locais de votação ao longo do tempo, a base de dados permite a identificação espacial mais precisa dos votos, sendo esta uma das grandes novidades das bases de dados que o CEM disponibiliza em relação a outras fontes oficiais sobre os resultados eleitorais. Há aproximadamente uma década, tanto TSE quanto Tribunal Regional Eleitoral (TRE) deixaram de divulgar os resultados das eleições por local de votação e passaram a considerar os números das zonas eleitorais quando tornam públicos os dados eleitorais.

O local de votação é onde a pessoa vota, geralmente em escolas. Já a zona eleitoral é, segundo definição do TSE, “a região geograficamente delimitada dentro de uma unidade da Federação, gerenciada por um cartório eleitoral, que centraliza e coordena os eleitores ali domiciliados.” A zona eleitoral pode ser composta, portanto, por mais de um município ou por apenas parte dele, daí os números serem úteis para saber os resultados finais das eleições, mas não terem a precisão necessária para mapear os votos no nível dos municípios da RMSP. 

“Em toda essa série histórica, as zonas eleitorais sempre acabaram por agregar alguns municípios dentro de uma mesma zona, dificultando a compreensão da diferença entre os votos das duas cidades e inviabilizando a obtenção de um resultado espacializado bem preciso das eleições municipais, por exemplo. Em nossos arquivos, para todos os anos, separamos os dados de uma mesma zona para cada município”, acrescenta o pesquisador. 

Para consultar a base de dados Eleições, basta ir na página Download de Dados no menu Transferência e Dados da homepage, e selecionar, no menu à esquerda “Tipos” e “Temas”, os itens “cartográfico” e “eleições”, respectivamente. Clicando em exibir mais, aparece o arquivo em formato ZIP contendo o arquivo cartográfico (formato Shape) e o dicionário de dados (em PDF).


Sobre o CEM:
Criado em 2000, com início das atividades em 2001, o Centro de Estudos da Metrópole (CEM) é um dos Centros de Pesquisa, Inovação e Difusão da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Cepid-Fapesp) e reúne cientistas de várias instituições para realizar pesquisa avançada, difusão do conhecimento e transferência de tecnologia em Ciências Sociais, investigando temáticas relacionadas a desigualdades e à formulação de políticas públicas nas metrópoles contemporâneas. Sediado na Faculdade de Filosofia, Letras, Ciências Humanas da Universidade de São Paulo (FFLCH-USP) e no Centro Brasileiro de Análise e Planejamento (Cebrap), o CEM é constituído por um grupo multidisciplinar, que inclui pesquisadores demógrafos, cientistas políticos, sociólogos, geógrafos, economistas e antropólogos.


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