GeoReDUS oferecerá a gestores públicos dados georreferenciados para planejamento territorial 

Plataforma está sendo desenvolvida pelo CEM, em parceria com a Frente Nacional de Prefeitas e Prefeitos, o Instituto ORI:ORO e a Agência de Cooperação Alemã.

Janaína Simões

Identificar, em poucos cliques e em um único lugar, se há um número adequado de creches, unidades básicas de saúde ou escolas de ensino médio para atender a demanda de um bairro, sabendo onde essas estruturas estão localizadas no território, quantas pessoas moram na região, qual a faixa etária da população, entre outras informações. Esta é a proposta do projeto GeoReDUS, um conjunto de ferramentas de visualização de dados territoriais geolocalizados, no nível intramunicipal, de acesso gratuito, que permitirá que prefeituras e sociedade civil possam elaborar e reivindicar políticas públicas e projetos para as cidades de forma cientificamente informada, acessando os dados rapidamente e de forma simples para embasar as decisões. O acesso fácil e rápido a tais informações é uma grande contribuição à produção de políticas públicas qualificadas e à capacitação das equipes dos governos locais brasileiros. 

A plataforma está sendo desenvolvida pelo Centro de Estudos da Metrópole (CEM-Cepid/Fapesp), em parceria com a Frente Nacional de Prefeitas e Prefeitos (FNP), o Instituto ORI:ORO e a Agência de Cooperação Alemã, GIZ, utilizando a Rede para Desenvolvimento Urbano Sustentável (ReDUS), rede de pessoas, organizações e iniciativas que discute o futuro das cidades brasileiras, ajudando na criação e fortalecimento da colaboração entre comunidades de práticas de desenvolvimento urbano sustentável. 

No CEM, o projeto é coordenado por Mariana Giannotti, pesquisadora principal e coordenadora da área de Transferência e Difusão do CEM, e por Tainá Andreoli Bittencourt, pesquisadora associada ao Centro e gerente de mobilidade urbana da FNP. Atualmente em teste, a ferramenta oferece dados de todos os municípios do Brasil sobre população e domicílio; infraestrutura e serviços urbanos; educação e saúde nesta fase inicial de implantação. Ela deve ser lançada em abril, após a realização de uma última rodada de teste com gestores no final de março. 

“O Brasil é um dos países com a maior quantidade de dados abertos e de alta qualidade, além de termos dados territorializados que foram produzidos por diversas instituições do terceiro setor e de pesquisa”, destaca Tainá Bittencourt. “Porém, temos uma carência na oferta de ferramentas intuitivas para visualizar todos esses dados, especialmente os territoriais no nível intramunicipal, e também para realizar processos de mapeamento e discussão colaborativa sobre o território”, completa. Segundo ela, há também dificuldades técnicas de recursos para que as prefeituras desenvolvam ferramentas próprias. O GeoReDUS pretende cobrir justamente esta lacuna. 

Uma reunião de alinhamento de equipe foi realizada, no dia 20 de fevereiro, atualizando os integrantes sobre o andamento do projeto. Os pesquisadores envolvidos no desenvolvimento da plataforma já fizeram o trabalho inicial de disponibilizar bases de dados nacionalmente ou localmente disponíveis, como os do Censo Demográfico, do DataSUS, do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), entre outros. Atualmente, a equipe trabalha na camada de dados que permite ao usuário fazer análises de acesso a equipamentos e serviços públicos, o que permite a identificação de territórios com riscos de baixo acesso a serviços, seja por distância, capacidade de atendimento ou qualidade. 

Inovações futuras já em planejamento

A última camada a ser agregada à plataforma é a do mapeamento colaborativo, em que os usuários poderão produzir seus próprios mapas, transformando a plataforma em uma ferramenta de participação pública. Partindo da Plataforma de Mapeamento Interativo (MAPi) desenvolvida pelo CEM, que permite a elaboração colaborativa de mapas, a parceria para a GeoReDus permitirá avançar e ampliar o que  inicialmente foi concebido para que professores e alunos do ensino fundamental e médio usem em  processo de ensino-aprendizagem, para outras iniciativas da sociedade civil. O piloto do projeto MAPi deve ser rodado em escolas públicas em parceria com CEM e a Cidade Ativa. Já a plataforma GeoReDUS deverá ser apresentada para gestores locais e federais, ainda como prova de conceito, para se fazer ajustes antes do lançamento oficial, previsto para ocorrer na Reunião Geral da FNP, em abril. 

Eduardo Marques, diretor do CEM, lembra que o projeto é uma evolução de outras iniciativas do Centro. “Quando pensamos no começo de projetos anteriores como o ReSolution, por exemplo, fica evidente a evolução com o GeoReDUS, incluindo uma consolidação técnica e um avanço institucional que trarão uma contribuição significativa para as políticas públicas dos municípios, tornando as políticas muito melhor informadas”, afirma ele. O ReSolution é uma plataforma financiada pela Fapesp realizada em parceria com a Universidade College London da Inglaterra, o INPE e a UFABC, que permite a qualquer interessado verificar em mapas e gráficos interativos os números absolutos e relativos sobre como se distribuem distintos grupos populacionais na Região Metropolitana de São Paulo (RMSP).


Sobre o CEM
Criado em 2000, com início das atividades em 2001, o Centro de Estudos da Metrópole (CEM) é um dos Centros de Pesquisa, Inovação e Difusão da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Cepid-Fapesp) e, recentemente, também passou a ser um Centro de Pesquisa e Inovação Especial da Universidade de São Paulo (CEPIx-USP). O CEM reúne cientistas de várias instituições para realizar pesquisa avançada, difusão do conhecimento e transferência de tecnologia em Ciências Sociais, investigando temáticas relacionadas a desigualdades e à formulação de políticas públicas nas metrópoles contemporâneas. Sediado na Faculdade de Filosofia, Letras, Ciências Humanas da Universidade de São Paulo (FFLCH-USP) e no Centro Brasileiro de Análise e Planejamento (Cebrap), o CEM é constituído por um grupo multidisciplinar, que inclui pesquisadores demógrafos, cientistas políticos, sociólogos, geógrafos, economistas e antropólogos


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