Metodológicas CEM 2016 - programação completa

Cursos, oficinas, e seminários metodológicos do CEM

A reflexão metodológica plural, que oferece subsídio a pesquisas multimétodos  é  uma das características centrais da produção do CEM. Em 2016, o CEM seguirá compartilhando seus avanços metodológicos em Cursos, Seminários e Oficinas sobre Metodologia com pesquisadores e estudantes interessados. A proposta geral é a difusão de metodologia e técnicas de pesquisa em Ciências Sociais.

Veja a programação completa para o primeiro semestre de 2016.


Seminários

1.- Seminário especial - “Latent Class Analysis and Structural Equation Modelling", com Jonathan Jackson, Ph.D. (LSE): 20 de abril de 2016 (quarta-feira), das 10 às 12 horas. Evento já realizado.

Resumo: abordará, de forma geral, a modelagem de variáveis latentes. Num primeiro momento, serão apresentadas técnicas como Modelos de Equações Estruturais, Análise Fatorial Confirmatória e Análise de Trajetórias, problematizando a própria noção de “variável latente”. Num segundo momento, exemplificando a discussão metodológica, serão apresentados o desenho e os resultados de uma pesquisa criminológica desenvolvida pelo autor concernente à legitimidade da polícia na Inglaterra e no País de Gales.

Palestrante: Jonathan Jackson é mestre em Social Research Methods (statistics) (1998) e obeteve seu Ph.D. em Social Psychology, ambos pela London School of Economics and Political Science (2002). Foi pesquisador visitante na New York University, University of Oxford e University of Cambridge e no Malcolm Wiener Center for Social Policy (Harvard Kennedy School), além de ter sido Senior Research Scholar na Yale Law School. Atualmente, é chefe do departamento de metodologia e associado ao Mannheim Center for Criminology da London School of Economics, bem como editor da British Journal of Criminology. Especialista em modelagem de variáveis latentes de dados categóricos, Jackson desenvolve pesquisas em tópicos como legitimidade da polícia, medo de crimes, percepção de riscos e obediência à lei. Lecionou diversos cursos, como Fundamentals of Social Science Research Design, Applied Regression Analysis, Survey Methods e Special Topics in Quantitative Analysis (Structural Equation Modelling).

2.- "O paradigma Bayesiano ontem, hoje e amanhã", apresentação de Hedibert F. Lopes (Insper):  4 de abril (segunda-feira), das 10 às 12h.    Evento já realizado. 

Resumo: O seminário abordará, de forma geral, as diferenças entre os paradigmas Bayesiano e Frequentista nas abordagens quantitativas. Argumenta-se que, no contexto mais recente, a modelagem de dados não estruturados – que assistiu grande expansão – é muito facilitada ou somente possível dentro do enfoque Bayesiano. Por fim, faz-se um paralelo entre métodos bayesianos aplicados Machine Learning.   

Palestrante: Hedibert F. Lopes (Insper). Mestre em Estatística pela UFRJ (1994) e obteve seu Ph.D. em Statistics and Decision Sciences pela Duke University (2000). Trabalhou na UFF, UFRJ e Ipea. Antes de se juntar ao Insper, em 2013, atuou por 10 anos na Universidade de Chicago, como Assistant e Associate Professor of Econometrics and Statistics, da Booth School of Business. No Insper, estabeleceu e coordena o Núcleo de Ciências de Dados e Decisão (NCDD), que visa a combinar competências em estatística, computação, marketing e estratégia, além de atuar na divulgação da analise moderna de dados e tomada de decisões. Lecionou vários cursos de graduação, mestrado e doutorado nas duas últimas décadas, como Bayesian Econometrics, Estatística Computacional e Inferência Estatística e Business Statistics.

3.- "Métodos em movimento: as pesquisas transnacionais e seus desafios", apresentação de Bianca Freire-Medeiros (Sociologia-USP): 29 de junho (quarta-feira), das 10 às 12h, Auditório do CEM/Cebrap (rua Morgado de Mateus, 615 - Vila Mariana). Não há necessidade de inscrição prévia, aberto a todos.

Resumo: Parece haver consenso, no campo dos estudos urbanos, em torno do potencial heurístico do que se tem convencionado chamar de “desnaturalização do nacional” (Cf. Urry 2008; Sheller 2012) como referente de pesquisa. Mas como viabilizar, no chão empírico, investigações qualitativas de cunho comparativo e transnacional? Este seminário pretende refletir sobre os desafios, as potencialidades e as armadilhas dos trabalhos sociológicos que se ocupam da dimensão propriamente empírica da globalização, buscando oferecer um panorama de seus desenhos de pesquisa, assim como de seus métodos de coleta e de interpretação de dados.

Palestrante: Bianca Freire-Medeiros, professora  do Dept. de Sociologia da Universidade de São Paulo (USP) e coordenadora do UrbanData - Brasil (banco de dados sobre o Brasil Urbano), Bianca Freire-Medeiros possui graduação em Ciências Sociais pela UERJ, pós-graduação em Sociologia Urbana pela mesma universidade e mestrado em Sociologia pelo IUPERJ. Seu doutorado foi em História e Teoria da Arte e da Arquitetura (Universidade de Binghamton, NY). Como docente e pesquisadora tem procurado consolidar o chamado Paradigma das Novas Mobilidades a partir, sobretudo, do diálogo com o grupo de pesquisadores que gravitam em torno do CeMoRe (Center for Mobilities Research, Lancaster University), onde realizou seu estágio de pós-doutoramento sob supervisão de John Urry. 


Oficinas 

1.- “Análise de trajetórias no mercado de trabalho com Sequence Analysis”, apresentação de Bruno Araújo (IPEA): 27 de abril (quarta-feira), das 14 às 17h. Evento já realizado. Carga horária total: 3 horas. 

Ementasequence analysis ou “análise de sequencias” tem origem na bioinformática, com a análise das sequências de proteínas e DNA. Fundamentalmente, trata-se de analisar e comparar quaisquer tipos de sequencias ordenadas com a finalidade de encontrar padrões, regularidades e distinções. Sequencias podem ser, por exemplo, uma sucessão de eventos ao longo de um período de tempo. Na Sociologia, a Sequence Analysis foi bastante difundida pelos trabalhos de Andrew Abbott sobre trajetórias e carreiras ocupacionais, mas há diversas outras aplicações: os padrões de desenvolvimento (organizacional e nacional); fluxo de conversações; estudos sobre ciclo de vida e trajetórias biográficas etc. Nesta oficina serão abordados alguns exemplos de utilização e aplicação com o Software Livre R.

Pré-requisitos: Não há pré-requisitos, mas é desejável que o participante tenha familiaridade com métodos quantitativos e uso de softwares de análise.

Professor: Bruno César Araújo (IPEA), bacharel em Ciências Econômicas (Unb), mestre em Economia do Setor Público (UnB) e doutor em Engenharia de Produção (USP). Trabalha como pesquisador do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA) e pesquisa nas áreas de Inovação Tecnológica e seus impactos, Políticas de inovação, Produtividade e mão-de-obra e comércio internacional e promocao às exportações.

2.- "Etnografia (d)e Documentos: técnicas e experiência a partir de situações de violência na Argentina e no Brasil”, por Natália Bermudez (Museo de Antropología de Córdoba, Argentina) e Larissa Nadai (Unicamp). Comentários: Gabriel Feltran (UFSCar/CEM): 15 de junho (quarta-feira), das 14 às 17h.  Carga horária total: 3 horas. Evento cancelado

Ementa: Esta exposição estará voltada a um objetivo metodológico: desemaranhar as formas nas quais articulamos os contextos e processos mais gerais e as perguntas de investigação com os modos de fazer trabalho de campo, relacionando diferentes técnicas etnográficas. Recorrendo aos percursos das investigações que as pesquisadoras vêm desenvolvendo desde 2007 em setores populares de Córdoba (Argentina) e nos documentos oficiais no Brasil, estará em pauta mostrar como foi necessário colocar alguns questionamentos sobre o olhar acadêmico e especialista que costuma dividir com as perguntas, objetos e interesses parciais a um conjunto de mortes violentas. Sobre este exercício e, a partir das próprias vivências dos seus interlocutores, Natália Bermudez vem problematizando como aquelas classificações mais legítimas nos últimos anos em Argentina, produto do reconhecimento da luta das associações e movimentos de direitos humanos  que denunciaram o acionar o terrorismo de Estado, acabaram por tornar invisíveis outras mortes produzidas nos setores empobrecidos  economicamente. Larissa Nadai demonstrará como os temas têm relação estreita com suas questões, no caso brasileiro. 

Pré-requisitos: Não há pré-requisitos

Professores:

Natalia Bermúdez é doutora em Ciencias Sociais(UNGS-IDES, Buenos Aires/2010) e magíster em Antropologia (FFYH-Universidad Nacional de Córdoba). Atua como pesquisadora  assistente do CONICET  no  IDACOR, Museo de Antropología (FFYH-UNC), atuando na Equipe de Antropologia Social, dirigindo o “Núcleo de Estudios sobre muertes, violencias y políticas”. É professora assistente na Licenciatura de Antropologia (FFYH-UNC). Foi diretora do Programa de Direitos Humanos, da Faculdade de Filosofia e Humanidades (Universidad Nacional de Córdoba) entre 2014 e 2016. Dirige e participa também em vários projetos que concentram os seguintes temas de interesse: antropologia da morte, violências, práticas políticas e movimentos sociais. Publicou o livro “Y los muertos no mueren… una etnografía sobre clasificaciones, valores morales y prácticas en torno a muertes violentas (Córdoba, Argentina)”, e é coautora de “Merodear la ciudad. Miradas antropológicas sobre espacio urbano e inseguridad en Córdoba”.  

Larissa Nadai é antropóloga, doutoranda pelo Programa de Pós -Graduação em Ciências Sociais (Unicamp). Tem experiência na área de Antropologia, com ênfase em Antropologia do Estado, atuando principalmente nos seguintes temas: legislação penal, estupro, atuação policial, documentos oficiais, violência, gênero e sexualidade. 

Gabriel Feltran é professor do Departamento de Sociologia da UFSCar e Coordenador Científico do CEM.


Cursos

1.- “Agent-based Modeling para Ciências Sociais”, por Davoud Taghawi-Nejad (CEM/Cepid):dias 22, 23, 24 e 28, 29 e 30 de março, das 9 às 13h. Evento já realizado. Carga horária: 24 horas.

Objetivo: capacitar na escrita de programas de computador (na linguagem Python) que simulam a interação de indivíduos. Compreende-se que mesmo o mais simples dos comportamentos individuais pode gerar resultados agregados de extrema complexidade. Assim, "agentes" localizados no nível micro produzem propriedades emergentes presentes apenas no nível macro, formando Sistemas Complexos. 

A modelagem baseada em agentes (Agent-based modeling - ABM) consiste em criar modelos computacionais para os comportamentos individuais e observar quais os padrões e regularidades agregadas emergem dali. Essa estratégia é muito flexível. "Agentes" não precisam ser apenas pessoas: podem ser famílias, empresas ou até animais. O denominador comum dessa abordagem (Complexidade) é o suposto de que o todo é maior do que a soma de suas partes. Um exemplo simples é o de um formigueiro. Cada formiga individualmente toma decisões muito simples -- no entanto o formigueiro acaba por configurar cria uma sociedade extremamente complexa. Um exemplo das Ciências Sociais (com o qual será feito trabalho em sala de aula): em 1971, Thomas Schelling construiu um modelo para explicar os padrões urbanos de segregação racial nos Estados Unidos. Schelling mostrou que mesmo que cada agente individualmente seja apenas levemente racistas, é possível encontrar um alto grau de segregação. De modo geral, a proposta é de tentar responder a perguntas sobre o que o resultado macroscópico de microdecisões,  ou seja, sobre como comportamentos individuais levam a uma propriedade emergente na sociedade.

Pré-requisitos: 1. - Domínio da língua inglesa, já que o curso será totalmente ministrado em inglês.2. - Conhecimentos de informática.Não é necessário conhecimento prévio de programação, matemática ou estatística. Mas alguma familiaridade com esses assuntos é sempre bem-vinda. 

Serão 24 horas de aulas, com um pequeno trabalho de programação para ser feito entre a primeira e a segunda semana.

Professor: Davoud Taghawi-Nejad com graduação (B.A.) em Economia pela Universidade de Bolzano (Itália), mestre (MA/DEA) pela Catholic University Louvain-La-Neuve (Bélgica) e PhD em Complexity Economics pela Universidade de Turin (Itália). Realizou estágio pós-doutoral no Massachusetts Institute of Technology (MIT), na Escola Politécnica da USP e atualmente é pesquisador pós-doutorando no CEM/Cepid.

 

2.- “Análise de dados Geográficos e Georreferenciamento com o TerraView Política Social”, com  Daniel Waldvogel Tomé da Silva (CEM) e José Donizete Cazzolato (CEM). Este curso é oferecido diversas vezes durante o ano.  

Turma 1 - 30 e 31 de março e 1 de abr (evento já realizado)

Turma 2 - 27, 28 e 29 de abril (evento já realizado)

Turma 3 - 18, 19  e 20 de maio (evento já realizado)

Turma 4 - 22, 23 e 24 de junho

Inscrições e informações completas acesse a página do curso neste site.

Professores

Daniel Waldvogel Thomé da Silva é mestrando e bacharel em Geografia pela USP. Especializado na área de Geoprocessamento e Sistemas de Informação Geográfica, tem experiência na área de dados urbanos, censitários, desigualdades sociais, geolocalização e treinamento em softwares livres de geoprocessamento. É coordenador do setor de Transferência de Tecnologia do Centro de Estudos da Metrópole.

José Donizete Cazzolato é mestre em Geografia Humana pela USP. Possui vasta experiência em Cartografia e Geoprocessamento. Iniciando-se na produção cartográfica analógica, vivenciou a migração dos processos para o meio digital. Tendo atuado principalmente na Região Metropolitana de São Paulo, desenvolveu particular interesse pelas estruturas territoriais (divisão político-administrativa) e pela toponímia. Atuou decisivamente na divisão distrital do município de São Paulo (lei 11220/92), e apresentou, na dissertação de mestrado, metodologia para divisão dos grandes municípios em bairros, para os quais reivindica a condição oficial de instância territorial local. Recentemente, sua proposta de revisão da macrorregionalização do Brasil ("As regiões brasileiras pós-Tocantins; ensaio para um novo arranjo") teve repercussão nacional. Em 2011 publicou "Novos Estados e a divisão territorial do Brasil - uma visão geográfica", pela Oficina de Textos/CEM.