Construções residenciais verticais formais predominam na cidade de São Paulo

Pela primeira vez, uma das maiores metrópoles do mundo passa a ter mais residências formais em prédios do que em casas, mostra pesquisa do Centro de Estudos da Metrópole (CEM).

Janaína Simões

O Centro de Estudos da Metrópole (CEM-Cepid/Fapesp) passa a divulgar resultados de suas pesquisas em um novo formato de publicação com as Notas Técnicas “Políticas Públicas, Cidades e Desigualdades”. O primeiro número explora o tema do estoque residencial formal do Município de São Paulo entre 2000 e 2020, mostrando que, pela primeira vez, a cidade tem mais residências formais em prédios do que em casas. A íntegra do estudo está disponível aqui

Eduardo Marques e Guilherme Minarelli, respectivamente diretor e pesquisador júnior do CEM, analisaram a trajetória do estoque imobiliário residencial formal da capital do Estado de São Paulo nos últimos 20 anos, utilizando dados fiscais de registro de propriedades imobiliárias da Secretaria da Fazenda Municipal da Prefeitura paulistana para fins de lançamento do Imposto Predial Territorial Urbano (IPTU). 

O estudo também mostra que a expansão dos imóveis residenciais verticais foi causada, principalmente, por significativo crescimento dos imóveis verticais de padrão médio, assim como pelo dos imóveis verticais de padrão alto. “A cidade parece estar acelerando um processo de elitização das tipologias residenciais, com aumento da participação de áreas construídas de médio e alto padrão e diminuição da participação relativa de baixo padrão”, apontam os pesquisadores.

Prédios em São Paulo

Foto: Cecília Bastos/USP Imagens

Outra observação importante da pesquisa diz respeito aos efeitos dos Planos Diretores e Leis de Zoneamento. Os dados sugerem reduzido efeito dos Planos Diretores de 2002 e 2014 e das Leis de Zoneamento de 2004 e 2016 sobre as trajetórias do estoque. A exceção fica pela redução pontual dos imóveis residenciais horizontais de baixo padrão entre 2014 e 2016, sugerindo elevados volumes de demolições desta tipologia à espera das novas regulamentações para alimentar o crescimento das verticais de médio e alto padrões. O efeito, entretanto, é localizado e as trajetórias prosseguem posteriormente com as mesmas tendências anteriores.

Os pesquisadores utilizaram um banco de dados com mais de 62,7 milhões de registros para analisar o estoque residencial, que se refere “ao parque habitacional existente na cidade em um dado momento, apresentando uma elevada inércia considerando o grande volume de edificações já construídas e regularizadas em momentos anteriores.” A Nota Técnica trata apenas do estoque formal, ou seja, não aborda as edificações informais, como as precárias e as não inteiramente regularizadas. 

Essa Nota Técnica integra um conjunto de estudos que serão publicados semanalmente pelo CEM até setembro e que abordarão aspectos do planejamento municipal, como o parque imobiliário, a mobilidade, a participação social e o orçamento. As notas ficarão disponíveis no canal "Publicações" do site do CEM. Essa sequência de trabalhos está relacionada às discussões que serão promovidas pelo Fórum SP 21, evento que se realiza entre 21 e 30 de setembro e que visa analisar o planejamento urbano da cidade de São Paulo. A chamada para inscrição de trabalhos para o Fórum está aberta até 26 de julho. Mais informações no site oficial do Fórum SP 21


Sobre o CEM:
Criado em 2000, o Centro de Estudos da Metrópole (CEM) é um dos Centros de Pesquisa, Inovação e Difusão da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Cepid-Fapesp) e reúne cientistas de várias instituições para realizar pesquisa avançada, difusão do conhecimento e transferência de tecnologia em Ciências Sociais, investigando temáticas relacionadas a desigualdades e à formulação de políticas públicas nas metrópoles contemporâneas. Sediado na Faculdade de Filosofia, Letras, Ciências Humanas da Universidade de São Paulo (FFLCH-USP) e no Centro Brasileiro de Análise e Planejamento (Cebrap), o CEM é constituído por um grupo multidisciplinar, que inclui pesquisadores demógrafos, cientistas políticos, sociólogos, geógrafos, economistas e antropólogos.


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Janaína Simões

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