Oficina no Encontro USP Escolas apresenta nova plataforma de mapeamento interativo do CEM

Participantes deram sugestões de aperfeiçoamento do aplicativo MAPi e falaram sobre desafios para seu uso em sala de aula.

Janaína Simões

O Centro de Estudos da Metrópole (CEM-Cepid/Fapesp) apresentou a Plataforma de Mapeamento Interativo (MAPi) em uma oficina para profissionais da área da Educação e de outros segmentos, no dia 18 de julho. O evento fez parte da programação do 24º Encontro USP Escola, programa que acontece semestralmente, no período das férias de janeiro e julho, e que oferece atividades gratuitas para promover a formação continuada de docentes da Educação Básica com cursos de atualização, palestras, debates e oficinas em atividades multiculturais  e interdisciplinares, em todas as áreas do conhecimento. 

O aplicativo foi desenvolvido por Kaue Oliveira Almeida, da Equipe de Transferência e Difusão do CEM, com apoio de outros integrantes do grupo. Ele apresentou a plataforma na oficina, junto com Mariana Giannotti, pesquisadora e coordenadora da Equipe. “A oficina foi uma oportunidade não só para apresentar a ferramenta, mas também para abrirmos um canal de diálogo com a comunidade de usuários, de forma a pensarmos coletivamente sobre o MAPi”, afirmou Almeida. A maioria dos participantes era professor da rede pública, da disciplina de Geografia, mas também estiveram na oficina profissionais de outras áreas que utilizam ferramentas de georreferenciamento. 

Antes de uma breve apresentação do MAPi, os participantes puderam contar sobre sua experiência profissional, dando informações para o CEM sobre os possíveis contextos de uso da ferramenta em sala de aula, o que ajuda na identificação de pontos de aprimoramento. Uma das questões apontadas por mais de um dos presentes foi o tempo de aula na escola. São apenas 45 minutos, em geral, e eles apontaram que este é um desafio para o uso de ferramentas digitais em sala de aula. 

Oficina MAPi
Foto: Janaína Simões/Comunicação CEM

Eles indicaram, também, que trabalhar em salas de informática demanda tempo para o deslocamento dos alunos de um ambiente para outro dentro da escola e o fato do MAPi rode em celulares e tablets sem necessidade de instalação de softwares é uma vantagem. Os participantes elogiaram, ainda, o fato de a ferramenta ser disponibilizada de forma aberta na Internet, sem necessidade de se preencher cadastro e fazer uso de senha para login. Este tipo de exigência demandaria ainda mais tempo de aula. Senhas podem ser facilmente esquecidas pelos alunos, e esta seria uma das situações problemáticas que demandariam tempo de aula para se resolver. 

Outra sugestão foi de que o CEM produza materiais orientadores de uso do MAPi para além do manual que já foi produzido. Desenvolvimento de metodologias ou roteiros de aula, casados com os conteúdos que precisam ser aplicados e com exemplos práticos, foi uma das ideias. A sugestão foi pensada pelos participantes especialmente para apoiar os professores que não tiveram a oportunidade de ter uma formação de qualidade quando se preparavam para serem docentes de Geografia. Um dos participantes apontou que a formação dos professores de Geografia na disciplina de Cartografia é bastante precária, de forma geral, e muitos profissionais têm dificuldade em dar aulas sobre este campo.

Os participantes tiveram acesso a alguns dos recursos do MAPi durante a oficina, mas a atividade não se encerrou ali, pois eles poderão continuar a navegar no aplicativo em sua versão completa e enviar ideias de aprimoramento. O objetivo é colher mais sugestões dos usuários para fazer os últimos ajustes antes do lançamento para o público em geral. 

“O MAPi é uma ferramenta interativa, em que os estudantes poderão produzir os mapas da região onde moram, do entorno de suas escolas, ou de outras áreas de interesse”, afirma Mariana Giannotti. “Nossa meta inicial é chegar nas salas de aulas, mas, em médio e longo prazo, queremos oferecer uma ferramenta que ajude no planejamento territorial. Com o MAPi, queremos ajudar professores e escolas a formar pessoas capazes de observar e entender, de forma crítica, o território onde vivem, de forma que possam participar, de forma embasada, em fóruns de planejamento do território, como os Planos de Bairro”, acrescenta. 

Os Planos de Bairro estão previstos no Plano Diretor da Cidade de São Paulo como instrumento de participação social no planejamento urbano. Devem ser desenvolvidos por associações de moradores ou pelas subprefeituras, aprovados pelo Conselho de Representantes das Subprefeituras e debatidos pelo Conselho Municipal de Política Urbana. Apresentam propostas para melhorar a infraestrutura de microdrenagem, iluminação pública, oferta de equipamentos urbanos e sociais; melhoria nos passeios públicos, no mobiliário urbano, no sistema viário, na limpeza e arborização, entre outros. Estes elementos a serem discutidos nos Planos de Bairros podem ser trabalhados no MAPi pelos professores e estudantes - por exemplo, nas aulas sobre o urbano e desigualdades socioespaciais, entre outros temas relacionados. 

O que é o MAPi

O aplicativo MAPi é uma plataforma web gratuita e aberta, que pode ser acessada diretamente pelo navegador da internet, sem necessidade de cadastro ou instalação de software. Atualmente, ela está com acesso restrito, para testes. 

Trata-se de uma ferramenta para mapeamento interativo, em que os usuários podem alterar aspectos da representação do mapa, mas desenvolvida para que indivíduos com ou sem conhecimento técnico possam se apropriar e produzir seus próprios dados espaciais. Ela pode ser usada como instrumento de apoio didático por professores e alunos, e também no planejamento territorial. 

O aplicativo permite gerar mapas temáticos, como o coroplético (que representa dados estatísticos de um território a partir de diferentes cores, sombreamentos ou padrões), e fazer sobreposição de camadas, como, por exemplo, escola e transporte, o que poderia auxiliar no entendimento sobre o acesso à educação por parte de quem depende do sistema público de transporte. Outra funcionalidade do MAPi é a produção de gráficos associados aos dados espaciais, o que permite verificar a distribuição dos fenômenos dentro de um plano cartesiano que sintetiza os dados apresentados no mapa. 

Uma das inovações do MAPi está na sua integração com a plataforma Mapillary, o que permite a visualização de fotos geolocalizadas capturadas pelos próprios usuários. Os recursos de mapeamento colaborativo permitem que os usuários façam projetos de mapeamento do entorno da escola, por exemplo. Os alunos podem cadastrar elementos geolocalizados das condições urbanas do entorno, como a condição de calçadas ou lugares de pouca iluminação, com dados de texto, imagens ou vídeos. Essas informações são sistematizadas e podem ser visualizadas e analisadas por meio do mapa do MAPi para reflexão coletiva entre a turma ou com outras turmas, podendo-se incrementar a visualização com outros dados de fontes oficiais ou ainda de outras turmas para discussão de seus efeitos sociais.

Confira as fotos da Oficina no perfil do CEM no Flickr.


Sobre o CEM
Criado em 2000, com início das atividades em 2001, o Centro de Estudos da Metrópole (CEM) é um dos Centros de Pesquisa, Inovação e Difusão da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Cepid-Fapesp) e, recentemente, também passou a ser um Centro de Pesquisa e Inovação Especial da Universidade de São Paulo (CEPIx-USP). O CEM reúne cientistas de várias instituições para realizar pesquisa avançada, difusão do conhecimento e transferência de tecnologia em Ciências Sociais, investigando temáticas relacionadas a desigualdades e à formulação de políticas públicas nas metrópoles contemporâneas. Sediado na Faculdade de Filosofia, Letras, Ciências Humanas da Universidade de São Paulo (FFLCH-USP) e no Centro Brasileiro de Análise e Planejamento (Cebrap), o CEM é constituído por um grupo multidisciplinar, que inclui pesquisadores demógrafos, cientistas políticos, sociólogos, geógrafos, economistas e antropólogos


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