Centro de Estudos da Metrópole se torna Centro de Pesquisa e Inovação Especial da USP

CEM continuará sediado na FFLCH e, ao seguir novo modelo dos CEPIx, garante maior agilidade na continuidade das atividades de pesquisa, inovação e difusão desenvolvidas como Cepid-Fapesp.

Janaína Simões

O Centro de Estudos da Metrópole (CEM) é agora um Centro de Pesquisa e Inovação Especial (CEPIx) da Universidade de São Paulo (USP). Atualmente, o CEM é um dos Centros de Pesquisa, Inovação e Difusão da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Cepid-Fapesp), e, ao se tornar um CEPIx, passa a integrar a política da universidade que vai apoiar os centros que deixarão de ser financiados pelo programa da Fundação futuramente. O CEM continuará sediado na Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH-USP), que terá ainda um segundo CEPIx, o Núcleo de Estudos da Violência (NEV), também um Cepid-Fapesp no momento presente.

“Com a finalização dos Cepids, a preocupação da USP foi fazer com que esses centros continuem estimulados a trabalhar em conjunto, dado que tiveram excelentes resultados”, afirmou Carlos Gilberto Carlotti Jr., reitor da USP, no Encontro Acadêmico “CEPIx: novas fronteiras de pesquisa”, realizado nesta quinta-feira (27/06) no Auditório Camargo Guarnieri, na Cidade Universitária, em São Paulo. No evento, os diretores dos 11 Cepids da Fapesp que são sediados em unidades da USP apresentaram seus respectivos centros, destacando as atividades de pesquisa, inovação e difusão, formação de recursos humanos, produção acadêmica e os resultados de mais destaque. O CEM foi representado pelo seu diretor, Eduardo Marques.

Carlotti lembrou que outros modelos de centros de pesquisa já foram criados pela reitoria da USP, mas que os CEPIx se diferem porque já têm forte vinculação com as unidades. “Não seria justo trazê-los para a reitoria, deixando essa conexão que é muito importante. Fizemos um modelo misto, que é ligado à reitoria, mas também à unidade, para que possam continuar a trabalhar. O acordo foi feito com a unidade, mas a reitoria deu autonomia e também ofereceu a possibilidade de financiamento diretamente para esses centros.”, explicou. 

Segundo ele, a excelência reconhecida dos Cepids é uma vantagem na hora de buscar novas fontes de financiamento para manter as atividades, especialmente quando comparado ao processo que um novo centro de pesquisa precisaria seguir. Os modelos de financiamento ainda estão em estudos, mas já existem algumas alternativas, como as outras linhas da Fapesp, programas federais e parcerias externas. 

“Espero muito da criação dos CEPIx. Gostaria muito de ter financiamento internacional para esses centros. No nível em que vocês já estão, precisam sair do financiamento nacional e buscar apoios mais robustos internacionalmente. Em cinco, dez anos, veremos uma mudança muito grande no padrão de ciência da universidade a partir das medidas que estamos tomando agora. É com vocês que eu e a universidade contamos para essa elevação do patamar da pesquisa na universidade”, finalizou.  

Marco Antonio Zago, presidente da Fapesp, falou no evento sobre as perspectivas de financiamento de pesquisa interdisciplinar. Ele lembrou que o modelo dos Cepids são semelhantes ao de um programa da fundação de amparo à pesquisa da Alemanha. “Lá, eles financiam os centros por sete anos, e quando não há renovação, as universidades é que devem cuidar dos centros por um período, pelo menos, para não permitir a dispersão [dos pesquisadores] e para os grupos se reorganizarem, de forma que a pesquisa não seja interrompida. Estamos fazendo o mesmo agora [com os CEPIx]”, afirmou. Para ele, iniciativas como a criação dos CEPIx permitirão que a USP se mantenha como entidade líder em pesquisa na América Latina. 

Os destaque do CEM

Na segunda parte do evento, os diretores dos Cepids/CEPIx apresentaram seus centros. Eduardo Marques, diretor do CEM, abriu sua fala explicando que o CEM, atualmente é sediado na FFLCH e no Centro Brasileiro de Planejamento (Cebrap), mas tem uma pluralidade de instituições atuantes, sendo três unidades da USP - além da FFLCH, a Escola Politécnica (Poli) e a Escola de Artes, Ciências e Humanidades (EACH) -, além da Fundação Getulio Vargas (FGV), do Insper, da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) e do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE). 

Ao longo de seus mais de 20 anos de existência, o CEM contou com diversos parceiros. “Somos um dos Cepids da primeira geração, depois renovado pela Fapesp, mas também já tivemos financiamento do CNPq, por um curto período de tempo, quando fomos um INCT [Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia], e também tivemos projetos externos com agências e governos”, recordou.

Apresentação Eduardo Marques
Eduardo Marques, diretor do CEM.

 

“Hoje somos um centro consolidado, com liderança nacional e internacional em estudos sobre desigualdades sociais multidimensionais e políticas públicas, em especial em metrópoles, mas não apenas nelas, trabalhando o contexto do urbano”, ressaltou. Ele apontou, ainda, que o CEM realiza pesquisas de ponta, empiricamente embasadas, multimétodos e que acompanham os estudos de ponta e disputam os debates teóricos mais recentes em seu campo de atuação. A pesquisa do CEM também se destaca pelos estudos dos mecanismos de produção/reprodução das desigualdades e suas interfaces com o Estado, os mercados de trabalho e as dinâmicas da sociabilidade e associativas.

Depois de enumerar as quatro linhas de pesquisa do CEM, que se desdobram em subprojetos (saiba mais aqui), Marques deu exemplos de alguns dos resultados obtidos pelos pesquisadores do CEM. Um deles foi os mapas nacionais que mostram as desigualdades, identificando as capacidades estatais nas áreas de saúde e educação. Outros dois foram o mapeamento dos padrões de voto dos eleitores da cidade de São Paulo e da sociabilidade e a sociedade civil.

Na formação de pesquisadores, Marques destacou a produção acadêmica do CEM. Foram 170 teses, dissertações e monografias e 47 bolsistas de pós-doutorado, oito deles estrangeiros. A internacionalização do CEM foi iniciada com a participação em eventos, publicações e intercâmbio de pesquisadores e alunos, mas evoluiu para a cooperação com universidades e redes de pesquisa internacionais, tendo ativos, no momento, trabalhos conjuntos com cientistas da Alemanha, Austrália, Dinamarca, Estados Unidos, França, Holanda, Inglaterra, Líbano, México e Portugal. Pesquisadores do CEM também ocupam espaços de liderança nas associações internacionais e em boards de revistas científicas. 

No campo da Transferência de Tecnologia, Marques contou que o CEM tem atualmente mais de 220 bases de dados disponíveis gratuitamente para a sociedade, e criou cinco sistemas para permitir esse acesso. Foram mais de 45 projetos de pesquisa aplicada para políticas públicas desenvolvidos para órgãos públicos municipais, estaduais e federais. Um dos exemplos neste campo apresentado por ele foi um mapa de Guarulhos que identifica a distribuição espacial da população infantil e a localização das escolas, permitindo saber onde existe ou não estabelecimento escolar para a idade das mesmas nos locais onde elas vivem. Outro foi o mapeamento dos assentamentos precários e subanormais em Belém, Pará. Há, também, os aplicativos disponíveis no site, como o InfoEscolas CEM e o EducaCEM, que está para ser lançado. Já em difusão, os destaques foram para o site, as redes sociais, a newsletter, o podcast Urbanidades, a base bibliográfica UrbanData, além do contato constante com a imprensa. 

Marques explicou, por fim, os planos futuros para o CEM, já no contexto de atuação como um CEPIx da USP. “Atualmente, desdobramos as pesquisas em novos projetos”, disse. Dois deles já estão em avançado estado de elaboração. Um vai abordar os modos de políticas no Brasil, multiníveis e com integração horizontal na governança setorial. O outro tratará das dinâmicas intraurbanas, mobilidade e segregação em grandes metrópoles. Além disso, a Área de Transferência do CEM trabalha para integrar os dados do Censo de 2022 em sua base de dados, ao mesmo tempo em que desenvolve novas aplicações e sistemas.

Confira aqui o documento apresentado por Eduardo Marques no Encontro Acadêmico “CEPIx: novas fronteiras de pesquisa” sobre o CEM. Assista também a apresentação no Youtube e veja fotos do evento aqui.


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Janaína Simões
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Centro de Estudos da Metrópole (CEM-Cepid/Fapesp)
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